The Book of Hermaeus (Remastered Edition) (2ª Luta)

Yue estava andando nos corredores do Castelo junto com um senhor que foi apresentado a ele como o seu responsável. Seu nome era Edward Crowley, e o mesmo havia dito minutos após o encerramento da apresentação de Valeth, que ele seria responsável por guiar o rapaz para seus aposentos e a cada luta que ele tivesse que travar. O rapaz quando saiu da sala, não havia notado o seu irmão Setsuna junto com os outros, ficou mais preocupado em ver alguém para levá-lo ao ponto onde poderia descansar, mas não antes de encher um prato de croissants de calabresa e catupiry para ir ao quarto com ele.

O jovem Yagami foi levado para o seu quarto, a ele foi dito que poderia andar pelo castelo se assim quisesse, mas o rapaz de cabelos negros, cuja as pontas estavam esbranquiçadas, estava interessado em seus novos aposentos. Assim que foi apresentado, o Scion encarou bem o senhor a sua frente. Cabelos grisalhos, olhos acinzentados por trás de óculos de lente grossa e um bigode pontudo e levemente alongado para cima. Por algum motivo, o homem lhe parecia familiar, mas Yue apenas deu uma ignorada nessa sensação.

— Este quarto será o seu jovem mestre. Qualquer coisa poderá me chamar pelo interfone em seu quarto que está adaptado ao seu cenário. Achará exótico a sua estadia e será um ótimo lugar para repousar.

— Tudo bem. Obrigado. — Dizendo isso, Yue abriu a porta, entrou rapidamente com o prato lotado de salgado em mãos e fechou a porta com cuidado, gravando bem a feição de Edward. Com a porta fechada, o Scion olhou o seu quarto e ficou bem surpreso. — Estou em algum conto da Sherazade?

A pergunta de Yue, ou melhor dizendo, Siwäng, não era à toa. O quarto tinha todo um estilo antigo, mas voltado a antiga Pérsia, com um toquinho atual, quase nada que tirasse a glória dos dias antigos. O Yagami pisou com cuidado. O quarto era cheio de cores quentes, as janelas com grades permitiam que ele visse o pessoal no parque e um trecho da Floresta das Memórias bem a fundo. O que chamou a atenção de Yue era a quantidade de almofadas e vasos com plantas espalhados pelo quarto, uma mini biblioteca, um baú a frente da gigantesca cama e toda a decoração Persa misturada a enfeites modernos. Até mesmo o sofá seguia a inspiração antiga, onde a montagem do quarto, tinha uma abertura com um bom afastamento para se pôr cortinas e criar um sofá confortável, com jarros belos e cheios de água acompanhados de copos cheio de desenhos acima de uma mesinha de madeira.

Um leve sorriso se fez em sua feição e o rapaz deixou o prato em cima da cama que ele não demoraria muito para acabar se jogando nela, mas havia algo que o incomodava desde que começou a andar com Crowley para ir ao quarto. Ele precisava de um banheiro para verificar uma coisa, mas notou que não havia nenhum, ou parecia que não tinha. Se sua memória não falhava, antigas civilizações antigas tinham hábitos de ocultar cômodos e isso significava que ele tinha que dar uma explorada antes de ter certeza de que teria que sair andando por aí para procurar por um.

— Hmmmmm...

E ele deu uma olhada para todos os lados do quarto e foi direto para a estante ao lado esquerdo de sua cama e começou a mexer nos livros, até remover um que afastou aquela pequena biblioteca dando abertura para um recinto mais claro que se alternava na mistura de branco e azul claro. A banheira estava no centro, parecia uma piscina pequena com duas torneiras na ponta esquerda em frente a uma parede espelhada. Do lado direito estava a bancada, com uma pia grande, toalhas, roupões e uma roupa que ele tinha certeza que não cabia nele. Um espelho pequeno, pasta de dentes assim como uma escova. Velas estavam espalhadas por todo o local, assim como uma iluminação fraca. O Yagami olhou para a sua frente, notando as três grandes janelas cheias de enfeites circulares que mais pareciam flores que impediam de alguém de fora olhar onde ele estava.

— Antiquado, mas tem um toquinho moderno. É dá pro gasto. — Não tardou para ele remover o seu All Star preto e a calça jeans larga, jogando-as para cima da bancada. O rapaz então foi para frente da banheira, onde o Scion usava a parede espelhada para ter a visão que ele precisava: a sua calda.

Yue era a junção de um Éther com um Humano. Existiam coisas que ele havia herdado de ambos os lados, assim como outras totalmente únicas a ele como Scion. Uma dessas heranças por exemplo era o o despertar de características físicas únicas, o que acontecia com cada Éther quando entrava em sua fase adulta. Yue havia de fato herdado mais uma coisinha: uma calda. E é exatamente isso que o incomodava! Ao se virar de lado para a parede espelhada, era notável a calda enrolada em sua perna esquerda, a ponta se mexendo de um lado ao outro. Não era obra dele e de nenhum sentimento, aquilo era obra de sua outra metade, a parte mental que correspondia ao verdadeiro Yue Yagami, a reencarnação atual de Siwäng.

— O que você quer guri? Está saudável, não vê? Não há uma nódoa roxa nesse corpo. Nossas veias fluem o sangue melhor, cada célula do corpo está estável, então por que diabos está irritado? — Nenhuma resposta veio assim que perguntou. A criatura franziu o cenho, os olhos vermelhos brilhando levemente, então um dos espelhos rachou, e a frase “Você é um saco!” estavam cravadas ali. Uma sombra cobriu o rosto de Siwäng, o que foi que ele havia feito de errado?!

O mesmo sentou-se no chão e ficou na posição de lotus e concentrou-se, desprendendo-se daquele mundo para viajar para o seu, onde a miniatura de seu ser estava o aguardando em um pátio, coberto por copas vermelhas de uma árvore de tronco azulado e bem escuro, todo lascado, dando volta por toda a estrutura que parecia uma torre. Sobre um banco de pedra e nem um pouco feliz, o menino Yue olhava para o seu outro lado, a sua outra metade que ele havia se desprendido anos atrás em um acidente que roubou a sua infância e despertou Siwäng na hora errada.

— Que mensagem foi aquela, pirralho?

— Você é um saco. — O pequenino, que não tinha mais que cinco aninhos, pulou todo embravecido do banco e foi enfrentar o maior, que por pouco não tinha dois metros de altura. — Mentiu pra mim, disse que ia cuidar da gente e não nos colocar nessa bagunça de luta. Eu não quero lutar. Isso é uma porcaria!

— Eu sou o que vai lutar.

— O CORPO É MEU.

— Correção. Nosso.

— NUM IMPORTA, EU SOU O PILOTO.

— Escuta aqui criança. Você lembra o que a garota nos disse? O palhaço, ou a palhaça, sei lá. Tem um prêmio que podemos usar para facilitar o nosso lado.

— Como assim?

Siwäng cruzou os braços e pendeu a sobrancelha direita.

— Olha só. Eu não quero estragar o seu momento de ursinho de pelúcia com brasão da coragem costurado no peito, mas isso é importante. O dia da convergência está chegando, nós não podemos fugir disso. Seja lá qual for o prêmio, ele pode ser útil para facilitar umas coisas para nós, mas também precisamos ver se isso não é o oposto.

— Tipo o que? Como assim? — Perguntou o menor coçando a cabecinha.

— Criança. Ninguém sabe o que nós dois partilhamos aqui, mas não quer dizer que tenho que ficar repetindo isso mais de uma vez. Sua sorte é que eu coloco bloqueios mentais todos os dias, cada vez mais complexos, difíceis, então eu vou refrescar os passos. Eu vou lhe dizer mais uma vez sobre isso. Nós dois temos inimigos. Gente que sabe sobre mim, quem eu sou. Pessoas que muito provavelmente são responsáveis por nós estarmos assim, meio divididos, entende?

— Gente má!

— Isso, gente má. Por isso eu tenho que ficar como o piloto, e nós dois temos que disfarçar um pouco. Não fique mexendo a calda, nem brinque com nossas asas, podemos acabar chamando mais atenção do que iremos chamar quando formos lutar, entende? São coisas emergenciais, compreende?

— Tá, mas como eu fico nessa história?

Siwäng “rolou” os olhos em sinal de tédio e pegou o menino sem aviso, jogando-o por cima de seu ombro e foi andando para o banco.

— Vai descansar. Recobrar energia da sua metade. Já disse, enquanto eu estiver no comando, estamos bem, mas se você tiver que assumir algum dia novamente até a convergência, você vai ficar doente de novo, e nós dois vamos nos dar mal, entendeu?

— Mas eu não quero ficar dormindo aqui, é solitário. Sinto falta da mamãe.

— Quando voltarmos para casa, eu deixo você ficar um dia com ela, mas agora não.

— Isso vai demorar muito?

— Se voltar a dormir, será como apenas um dia.

— Eu não quero ficar aqui sozinho.

— Eu vou chamar os Obscuriais, eles vão falar com você, brincar com você, e vigiar o seu sono, mas não faça mais essas coisas, se não eles vão embora.

— Posso brincar com o Gi?

— Sim, você pode.

— Tá bom então.

O maior levou a mão livre para o alto e alcançou sem dificuldade a copa que cobria ali. Balançou ela fazendo as folhas grandes caírem em cima do menino, então o deitou por cima dela, derrubando logo em seguida em cima do corpinho dele mais delas para mantê-lo aquecido.

— Descanse, durma e se acordar não faça nada de errado.

Siwäng disse ao menino e assim que a criança fechou o olho, ele saiu daquele cenário.

— Crianças hoje em dia são muito ativas. Antigamente eram mais fáceis.

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O jovem Yagami estava deitado na cama grande e confortável, e satisfeito após se alimentar com os salgados que havia pego. Ele olhava sem muita vontade o relógio pendurado ao lado da porta. Os ponteiros pareciam lentos, mas era apenas por que ele tinha vontade de que a primeira leva do torneio ocorresse logo para sair explorando tudo o que queria.

— Hmmmm.... — Yue ergueu o corpo e ficou sentado olhando a sua volta, suas pupilas se retraíram, ele parecia um animal.

— Eu sei que tem alguém aqui, e gostaria que parasse de ficar me vigiando.

O Scion era uma criatura que estava sempre atento. Ele não era tolo de baixar a sua guarda para ninguém, ainda mais fazer isso em um lugar cheio de desconhecidos. O mesmo ergueu a cabeça, encarando a figura feminina que abriu um compartimento do teto, olhando-o.

— Eu posso adentrar?

— Por que não? Você já está aqui mesmo.

E ele assistiu em silencio ela cair graciosamente no chão.

— Apresente-se.

— Sou Cassandra Bathóry, uma cigana a serviço do Lorde do Castelo...Ou trabalhava.

— Continue.

— O meu Lorde ficou muito doente e faleceu em 1999. Mas quando ele faleceu, deixou uma mensagem de que seu herdeiro pisaria novamente no castelo esse ano. Mas não deixou claro sobre quem era e como poderia identifica-lo.

— E o que você quer comigo?

— Sua ajuda. Eis que a única maneira de realmente conseguir identifica-lo é tendo a informação no Livro que Valeth está guardando com todas as forças. Eu adoraria pegar o livro, mas a Corte Escarlate está vigilante a todo momento. Além deles, também há os outros que Valeth tirou de dentro do livro...

— Hmmm. — A imagem do palhaço que lhe entregou o convite veio à mente do rapaz.

— Eis que a única maneira de realmente conseguir identifica-lo é tendo a informação no Livro que Valeth está guardando com todas as forças. Eu adoraria pegar o livro, mas a Corte Escarlate está vigilante a todo momento. Além deles, também há os outros que Valeth tirou de dentro do livro...

— Certo. O que mais?

— Eu posso dar um jeito na Corte Escarlate se me ajudar a quebrar os selos que prendem os guardiões do castelo. Esses selos normalmente são invisíveis a olhos normais, porém, com o contato com uma gota de meu sangue, será possível ver esses selos. Destruí-los é uma tarefa que vai ser fácil, tendo em vista que eles estão por coincidência nos lugares onde serão as lutas. Aí basta ter um pouco de sangue derramado e energia negativa gerada pela luta. Com os selos destruídos, eu vou poder invocar os guardiões e assim dar um jeito na Corte Escarlate.

A mulher tirou um frasquinho de um de seus bolsos e o Scion estendeu a mão pegando-o. “Magia de Sangue”, pensou ele sem mostrar mudança em sua feição neutra. O rapaz ficou olhando-a e o dialogo dos dois continuou por alguns minutos ainda aquela noite....

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Horas se passaram desde que Yue conheceu a misteriosa mulher e os dois conversaram. Ele ficou um pedaço da noite pensativo sobre o que ela disse, mas principalmente sobre o que ele podia fazer para ajudá-la. A história era estranha, nada muito espetacular, mas mesmo assim, ele sentiu que estava entrando em uma estrada que só tinha um caminho de ida e sem nenhuma possibilidade de volta.

Demorou muito para que ele dormisse e quando conseguiu, sentiu uma vontade equivalente a zero de se levantar da cama. Olhou o relógio, ainda era muito cedo, então decidiu dormir de novo até que alguém o chamasse, mas eis que o sono se recusava a ficar por muito tempo consigo, só que era frustrante ficar acordado, pois ele não tinha muita coisa para fazer ali a não ser dormir. Ele poderia procurar um lugar para treinar, mas já havia se dedicado por uma hora antes de adentrar o Castelo. O rapaz ficou pensando e então se levantou, colocando os pés descalços no chão sem ver que já havia passado a manhã inteira na cama.

— Já que eu não tenho muito o que fazer, acho que posso ao menos mudar essa roupa. — O mesmo ficou no centro da sala, seu corpo foi envolvido por uma aura azulada que começou a tomar a forma de inúmeras linhas que eliminavam as fibras de suas roupas e novas começavam a se ajustar no lugar delas.

Siwäng não precisava se ver no espelho para saber que sua presença como Yue Yagami estava mais aceitável (pelo menos para ele). Ele podia ser novo, mas odiava aquela visão de moleque largado de rua. Não entendia nenhum pouco de moda, mas ele sabia que para ele não era muito aceitável andar por aí como se fosse um “mano”. O rapaz ergueu as mãos vendo as mangas longas de sua nova camisa branca e ajeitou-as para que não passassem do seu pulso.

Com calma ele abriu um pouco a camisa, ajustando a gola. Calça preta e sapatos da mesma cor estavam presentes em sua vestimenta, ele moveu a mão a sua frente e através de um gesto circular um ponto esverdeado surgia a sua frente e crescia sozinho em um espiral refletindo-o. Se fosse o jovem Yagami o conjunto seria vermelho e preto, então ele precisava mudar algumas coisas que não o fizesse parecer alguém diferente. O colar com a cruz empregada se manifestou em sua mão esquerda e ele o colocou. O menino sempre andava com aquilo pendurado em seu pescoço. A camisa branca tingiu-se de vermelho através de manchas que pareciam sangue e que se espalharam por ela até muda-la completamente de cor, um dragão na parte de trás branco aparecia como enfeite.

— Meh. Humano são tão frescos, por que eu não posso sair andando pelado? Esse povo nasce de roupa?

Havia um certo rancor na voz dela enquanto falava consigo mesmo. Ele, Siwäng nunca esteve vivo para se acostumar com coisas mundanas. O fato de ter que se lembrar de respirar era uma das coisas que mais incomodava essa criatura. A ele foi negado o direito de viver, e por muito tempo ele vagueou como uma forma de vida diferente, nunca estando vivo, ou verdadeiramente morto. Sempre crescendo de uma forma estranha, se desenvolvendo, se tornando uma coisa... Inesquecível para os mais velhos presentes em uma vasta rede de realidades distintas. A criatura terminava de ajeitar aquela vestimenta, desfez o efeito espelhado a sua frente e decidiu sair do quarto. Para a sua surpresa, Crowley estava prestes a bater na porta quando ele saiu.

— Senhor a sua luta começará em meia hora.

— Tempo perfeito.

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Eles andaram... Por longos minutos aqueles dois homens andaram pelo Castelo e à medida que eles avançavam, o rapaz apenas guardava o caminho que ele andava com o mais velho. Aquele seria o primeiro local que Yue exploraria depois, mas ele olhava concentrado para tudo a sua volta, lembrando de sua conversa com Cassandra, enquanto aguardava pelo seu oponente.

— O mundo é um lugar bem pequeno mesmo. — Falou o maior em tom baixo, audível apenas para ele que sorriu de canto vendo o garoto a sua frente.

Quando Siwäng teve as suas orelhas puxadas pela Dean sobre a descoberta abrupta dele ter recebido um convite para um torneio misterioso e permanecido calado sobre isso, o rapaz passou a vaguear mais ainda pela escuridão de sua vida. Ele só aparecia para comer, beber e fazer o necessário e depois ele desaparecia, o que não era muito incomum. Yue desaparecer do mapa significava que ele estava explorando algo, ou decidiu repousar em algum canto em paz com a sua mochila velha e escura, mas a verdade é que nos últimos anos, Siwäng secretamente estava treinando o rapaz para se adequar as habilidades deles. De dia durante umas poucas horas, eles ficavam com a mãe que ia os instruindo, mas no universo morto onde ele residia, as horas não acompanhavam um ritmo normal.

Parecia que no Nether a hora corria de uma forma diferente, tanto que quando voltava para cada, poucas horas haviam se passado enquanto ele tinha a sensação de que ele havia permanecido lá dentro por mais tempo do que precisava. Um tanto confuso não? Mas era assim que aquele universo diferente funcionava, lá o Aether tinha quase nenhuma propriedade, Escuridão era fachada, Caos era brincadeira, e o Abismo... Bem, o Vazio e o que habitava ali era o que reinava. Por anos ele foi instruindo o menino, isso tudo para ele readquirir seu antigo estilo de luta humanoide fundido ao do garoto e principalmente para dominar sua arma: a Red Swip.

— Então vamos começar irmãozão. — Com um tom audível, apesar ainda de ser um tanto baixo, mas nos padrões comuns de seu lado “bom”, o menino Yue, Siwäng tomando a postura de seu outro lado, começou a andar em direção a Setsuna com passos calmos, com uma certa leveza e lerdeza. Ele não parecia nenhum pouco apressado. O alto apenas ergueu seu braço esquerdo onde o Red Swip se manifestou através de uma aura dourada que eclodiu em vários fios avermelhados que foram se envolvendo no braço dele, cheio de uma energia negra que permanecia dentro deles como veia. O Red Swip é uma junção de dois elementos que Siwäng conhece e domina muito bem: a Hemokinesis, onde ele usava os eu sangue como base, e o Nakēri, que nada mais era que o Nether em um dialeto mais antigo, um fragmento feito para dar consistência e base para o chicote sanguíneo, tornando-se uma falsa pele e reservando o sangue para momentos mais oportunos.

Sem nenhum aviso, o Scion moveu o braço para frente, erguendo-o levemente para cima e expandido o Red Swip para atacar o garoto e então ele faria o mesmo movimento, mas acabaria não finalizando da mesma forma, fazendo o chicote passar por cima do seu corpo, o rapaz de cabelos escuros viraria o corpo criando um ato circular para fazer com que o chicote em si, voltasse a oposição inicial, mas subisse mais violentamente, pronto para abrir um corte em meio ao corpo de Setuna, mas era só um processo, assim que ele subisse, Siwäng desceria ele com proficiência, com a finalidade de fazê-lo bater contra o mais baixo e jogá-lo de face no chão.

 

Yue havia começado a se mover. Seu oponente não esbanjava reação alguma o que tornava a luta tentadora, afinal ele podia usar isso como inspiração para torcer a vontade de seu irmão no futuro. Ele não sabia quanto tempo iria demorar para essa lutar acabar, mas até lá, talvez ele tentasse colocar o próprio irmão numa confusão. Siwäng sempre foi curioso para saber como o resto da prole do seu pai com as outras mulheres dele eram, afinal, parecia que cada Yagami tinha uma característica própria.

— Tsc! — soltou entre os dentes, mas acabou sorrindo de canto, quando a sua segunda movimentação, a dita falsa anteriormente, que não conseguiu o primeiro ato, mas mudou o trajeto o complementando foi rebatida com o lançamento de duas kunais forjadas pelo rapazinho.

Os dois se encontrando causou fascinação ao Scion, pois assim que a kunais se encontraram com a Red Swip durante a sua circulação, um feixe de luz avermelhado junto a faíscas moldadas da energia escura chamaram a atenção de Yue. Isso significava que o garoto assim com ele usava energia para moldar as duas, apesar de o Red Swip ter junto dele o sangue do rapaz de olhos avermelhados, mas o melhor era o efeito realista, como se as duas energias se chocassem com gosto a ponto de provas que eram tão reais quanto suas ancestrais. O feixe atrapalhou um pouco a visão do mais alto, apesar de momentâneo ele fez com que Yue se atrapalhasse na execução final, mas isso não o incomodou tanto quanto deveria.

Uma das coisas que ambas as personalidades se habituaram durante os treinos instruídos pela “consciência” mais velha é o fracasso da ação. Chicote não era uma arma fácil de ser usada, sim ela é útil em vários aspectos, porém é necessário paciência e saber lidar quando a coisa saísse do controle e saber mudar isso, e como ele faria isso? Usando o braço livre para ganhar um tempo a mais. Como não sabia qual era o plano do garoto, Siwäng decidiu ter uma ação simples, porém eficaz: ele disparou um raio em direção ao ruivo.

Como ele fez isso? Para ela era simples, pois bastou ergueu a mão livre assim que a Red Swip teve seu movimento atrapalhado. No momento que ele erguia o braço era visível uma energia avermelhada se manifestar e de repente se dispersar como eletricidade pura que se concentrou e tornou-se visível na palma da mão do mais alto, cheio de pontos negros e estranhos, e como num piscar de olhos, Yue, mais precisamente Siwäng disparou aquele raio, causando uma barulheira e tanto enquanto os pontos enegrecidos explodiriam quando o seu Idō.22.0 se chocasse contra algo ou alguém.

O Scion não só esperava que isso atrapalhasse o próximo movimento de Setsuna, mas como também causasse algum dano no rapaz, ou até mesmo no local.

 

— Não machuque o meu irmão. — A voz do menino ecoou na cabeça do maior.

— Não se incomode com isso — Em um tom baixo, o maior respondeu a sua imagem menor mentalmente — eu não pretendo machucar ninguém. Setsuna não vai morrer por isso. Nem tem porque ter uma parada.

— Parada?!

— Shiu! — Retrucou o maior para o menor enquanto assistia o ruivo se recompor — Não me desconcentre! — O pequeno se aquietou bem a fundo da mente e Siwäng pode se focar novamente em sua luta.

O mais velho dos dois Yagamis parecia ter se recomposto, mesmo estando com o peito queimado. Era interessante como o cheiro de carne queimada chegava as narinas do mais alto, por um momento ele ficou com água na boca. Estava com fome. No final da luta, ele assaltaria a geladeira de algum lugar.

— Vamos irmão, isso não foi nada! — Esbravejou animadamente.

Setsuna foi certeiro no seu ato, ele iria dar uma rasteira que Siwäng pensava ser a comum, aquela que todo mundo estava habituado a pular para o lado e não cair de encontro ao solo. Porém, não foi isso o que aconteceu. A rasteira de Setsuna era diferente, pegou o maior em seu salto baixo, um ato leve para o lado e derrubou-o de costas para o chão. O garoto não perdeu tempo, saltou com tudo para cima dele e depositou uma cotovelada nele em seu tórax.

— Filho da...!

Siwäng riu em meio a dor e a estranha sensação de prazer que isso trouxe a ele. O moreno ficou estirado no chão enquanto arfava em meio a cada risada. Sentir dor era algo novo para ele. Não importava o quanto ele se machucasse, sempre parecia ser algo novo. No entanto, a brincadeira tinha que chegar ao fim.

Levantando-se rapidamente e vai em direção a Setsuna como um touro furioso! O Scion desfere um soco, como se estivesse focado em atingir o chão, porém, o foco do moreno era outro, manifestando assim a Nakēri (sua energia) através desse golpe. Quando o Yue move o braço, a energia se apresenta em duas partes: em ambos os lados do braço dele, e sua aparência inferior e superior lembram uma boca cheia de dentes que se juntam quando o rapaz desfere o soco para baixo. A intenção era pegar Setsuna de surpresa com um gole peculiar. O soco misturado a boca, iriam forçar o mais velho contra o chão, ao mesmo tempo que a dentição energética iria machucar Setsuna, rasgando e perfurando a sua pele como se fosse de fato a boca de um animal. Idō.34.0.